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Esporte para todxs


Partida entre Capivara Esporte Clube (PR) x Maragatos (RS). Foto: Guilherme Becker/CEC

Esportes e comunidade LGBTI+ combinam? Não só combinam, como alguns times são compostos exclusivamente por lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais. O Capivara Esporte Clube (CEC), de Curitiba (PR), que existe desde novembro de 2016, é um exemplo de clube que tem times exclusivos para a comunidade LGBTI+ - alguns deles já participaram de campeonatos como a Queer Cup -, além daqueles que também incluem pessoas heterossexuais.

O CEC tem modalidades de futebol, handebol e vôlei, e em todas elas há times compostos por homens ou mulheres. O Capivara é um clube poliesportivo que se destaca por incluir a diversidade em seus times. “É um time que prega como bandeira a inclusão através do esporte”, diz o presidente do Capivara Esporte Clube, Juliano Cerci.

Juliano conta que o CEC nasceu sem o propósito de ser um time grande como é hoje em dia e que começou com uma proposta informal . “[Estava] jogando na praia com meus sobrinhos e começamos a conversar. E, nessa conversa, a gente chegou a conclusão de que deveria tentar montar um time gay. A princípio era só gay, de futebol”, explica.

O objetivo inicial era criar um time só com pessoas LGBTI+, mas que sempre foi aberto para os héteros jogarem junto com eles, os quais procuraram, principalmente, o futebol feminino. Para o presidente do CEC, a criação dos times de futebol masculino e feminino pretendia ser um espaço saudável, onde todos poderiam se sentir bem sendo como são.

“Todos são bem vindos, independente da orientação sexual, sexualidade, forma de se expressar, ser afeminado ou não. [O CEC] é onde as pessoas podem ser elas mesmas para praticar o esporte junto conosco”, ressalta.

E as equipes do clube não são compostas apenas por amadores. Há jogadores e jogadoras que são profissionais (não necessariamente da comunidade LGBTI+). Especialmente, no handebol, e que já praticaram outros esportes e/ou participaram de times antes de entrar para o CEC.

Atualmente, a dificuldade deles é em trazer pessoas transexuais para dentro do time, pois a maioria de seus jogadores é de lésbicas, gays e bissexuais. Juliano espera que com a parceria que eles tem com o Transgrupo Marcela Prado, consiga ter uma representatividade transexual maior.

“Levamos quase dois anos para ter o primeiro time com representatividade só de mulheres, que é o futebol feminino. A gente ainda tem um longo caminho até ter representatividade efetiva de todas as letras desse alfabeto LGBTQIA+”, explica.

Em 2018, o CEC disputou a Queer Cup (campeonato LGBTI de esportes, em geral e que foi sediado por Curitiba). Na ocasião, jogaram o primeiro campeonato de handebol gay, disputado quando o time completava dois anos. Juliano relatou que houve uma confusão que se deu por causa de um beijo dado por um casal homossexual, fora da quadra onde estava acontecendo a disputa do jogo. Algumas pessoas que estavam presentes no local não gostaram e disseram que eles não podiam se beijar assim, em público.

“Graças a Deus que não foi pra agressão física, mas rolou um bate boca, e aí a gente fez um beijaço e todo mundo se beijou na frente das outras pessoas ali pra garantir nosso direito de ser quem a gente é, inclusive em áreas comuns sociais de um clube. Essa história ruim acabou tendo uma questão interessante. Depois tivemos o posicionamento dessa associação rechaçando esse tipo de atitude, por parte dos associados, que não corroboram com atitudes extremistas, machistas, LGBTIfóbicas e tudo o mais”, complementou Juliano.

Homofobia nos estádios e a decisão do juiz em paralisar partida

Em 2019, o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) criou uma regra onde diz que o árbitro (juiz de partidas de jogos) pode paralisar a partida ao ouvir comentários homofóbicos e/ou machistas contra os jogadores vindos de torcedores de qualquer time.

Até o momento, houve o relato de um caso de paralisação de partida por este motivo. No jogo do São Paulo contra o Vasco, no dia 25 de agosto de 2019, a paralisação foi acionada pelo árbitro Anderson Daronco, obedecendo a ordem do STJD - o que levantou polêmica entre os torcedores, pegos de surpresa pela decisão de paralisar a partida.

Alguns torcedores ainda ironizaram a decisão de Daronco dizendo que a ação era o “fim do futebol raiz”, a que a Fifa e a CBF querem acabar com a diversão das arquibancadas. Vale ressaltar que a homofobia já é crime desde maio de 2019, com previsão de multa e prisão de três a cinco anos, enquadrado na Lei do Racismo.

Juliano Cerci disse que esse posicionamento da CBF foi super bem vindo no momento atual, em que ainda temos a homofobia escancarada em estádios. “Vem de forma até tardia. A gente já devia ter esse posicionamento da CBF muito antes. Mas é muito válido. É preciso corrigir certas distorções que ainda existem dentro do futebol”, ressalta.

“A gente brinca que o estádio de futebol é terra sem lei, onde acontece de tudo, de situações absolutamente desprezíveis do ser humano de chamar outra pessoa do time adversário ou o juiz de viado, de macaco, de formas ofensivas. Mas esse tipo de comportamento já não é aceito fora do estádio”, finaliza Juliano.

Times LGBTI+ no Brasil

No vôlei é mais comum termos a presença de LGBTI+, mas no futebol já se tem alguns exemplos representativos. Além do já citado Capivara Esporte Clube, temos alguns outros espalhados pelo Brasil. Em Curitiba, além do CEC, existe o time de vôlei Os Thunders e o Tah Boa, que tem apenas o futebol masculino, formado por gays e bissexuais.

Abaixo você confere uma lista com os principais times brasileiros formados, em sua maioria, por pessoas LGBTI+:

Cangayceiros (CE)

Bravus (DF)

Bharbixas Futebol Clube (MG)

Capivara Esporte Clube (PR)

Tah Boa (PR)

Alligaytors Futebol Clube (RJ)

Beescats Soccer Boys (RJ)

Sereyos Sport Club (SC)

Avalon (RS)

Fireballs (RS)

Magia Sport Club (RS)

Maragatos (RS)

Pocs (RS)

Sport Club Pampacats (RS)

Thunders (RS)

Afronte Futebol Clube (SP)

Bulls Football (SP)

Futeboys Futebol Clube (SP)

Unicorns Brazil (SP)

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