Mercado Velho: primeiro prédio em alvenaria de Rio Branco
Localizado estrategicamente às margens do Rio Acre, o Novo Mercado Velho em Rio Branco, capital do Acre, é um dos principais pontos turísticos da cidade. O local é parada obrigatória para muitos rio-branquenses, seja pela gastronomia popular ou pelas lojas de ervas e artigos diversos. O espaço é administrado pela prefeitura de Rio Branco por meio da secretaria de Floresta e Agricultura- SAFRA.
O Mercado foi inaugurado em 15 de junho de 1929. Os comerciantes contam que inicialmente, no local, havia a oferta de produtos agrícolas, quando os produtores das “colônias” vendiam verduras, macaxeira, pequenos animais e carne. Nesse período era chamado ainda de Mercado Municipal. O espaço é pequeno, mas recheado de bares, restaurantes e lojas de artesanatos com os mais variados produtos.
Prédio foi o 1º mercado público da capital acreana. (Fonte: Prefeitura de Rio Branco)
O historiador Marcos Vinícius Neves explica que o Novo Mercado Velho é um espaço importante para os acreanos, pois foi a construção pioneira que deu origem à arquitetura de alvenaria no Acre. Segundo ele, até o século XX havia uma crença na região de que não era possível construir prédios de alvenaria por conta do solo argiloso e, por não haver pedras, o solo não suportaria prédios em alvenaria.
“Nas cidades do Acre havia somente casas de madeira. Até que o governador Hugo Carneiro, que governou o Acre de 1926 a 1930, decidiu arriscar e fez o mercado municipal. Em 1928 foi inaugurado esse mercado municipal que depois passou a se chamar Novo Mercado Velho. E com a construção do mercado ficou comprovado que era possível construir prédio em alvenaria e isso deu origem a uma moda, muitas das famílias começaram a construir casas de alvenaria acompanhando a ação do governo”, conta o historiador.
Historiador diz que mercado é ponto turístico em Rio Branco. (Foto: Arquivo pessoal/Marcos Vinícius)
A partir da construção do mercado, segundo Marcos Vinícius, outros prédios públicos foram sendo construídos no estado, como o prédio do quartel da Polícia Militar e o Palácio do governo. Em 2002 o espaço ganhou uma nova fachada e foi batizado como o Novo Mercado Velho. A estrutura que remete ao século passado foi preservada.
No local, atualmente funcionam pensões, lanchonetes, cafés e lojas de artesanato
A maioria dos empreendimentos do Mercado é de famílias que trabalham juntas. Há 30 anos seu Francisco e os dois filhos comercializam ervas medicinais no mercado. Na loja dele, de quase vinte metros quadrados, é possível encontrar mais de 7 mil produtos retirados da floresta, entre cascas, raízes, óleos, engarrafados, sementes, folhas e outros produtos naturais que, garante ele, cura muitas doenças. A loja de ervas do seu Francisco é referência em Rio Branco. Ele conta que chega a vender muitos produtos até para outros estados. Para isso, ele conta com a ajuda dos filhos que anunciam os produtos da loja na internet. Segundo ele, o conhecimento sobre as ervas veio da convivência com os índios da Amazônia.
“Eu fui criado com os índios Kaxinawá e Colinas, né? Aí desde pequeno, todos os costumes dos índios eu aprendi. Aí depois eu tive a oportunidade de trabalhar assim, eu nunca pensei, eu via minha mãe, meu pai fazer, né? Aí eu aprendi com eles. Quando eu vim para cidade com 24 anos, a gente veio vender ervas aqui no mercado. Isso aqui era uma muvuca de gente, muita gente, mas, hoje muita coisa mudou, não é mais como antes, mas a gente tem um carinho especial por isso aqui”, relembra seu Francisco.
Há 30 anos seu Francisco e os filhos vendem ervas no mercado velho
O erveiro afirma que acompanhou as mudanças pelas quais o mercado passou ao longo dos anos. Ele contou que desde a reforma, o movimento e as vendas caíram significativamente. Mas, hoje o Novo Mercado Velho não é só um ponto comercial, mas, um lugar de encontro e cultura, onde vários artistas da terra se apresentam nos barzinhos que abrem à noite. Nos restaurantes diversos pratos regionais são servidos diariamente, como galinha caipira e costela de tambaqui assado. É o local que muitos rio-branquenses se encontram para apreciar a beleza do Rio Acre.
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Texto: Janequeli Coelho da Silva Nunes, Rio Branco-AC
Fotos: Janequeli Coelho da Silva Nunes, Acervo Prefeitura de Rio Branco e Marcos Vinícius
Edição: Sionelly Leite