O palco cotidiano do vendedor de guloseimas em Criciúma
É com muita nostalgia que o Sr. Vanderlei Inácio, 65, lembra-se da Copa do Mundo de 1970, época em que vendia torradinhos (amendoins açucarados e salgados) junto a seu pai. A comemoração dos jogos na Praça Nereu Ramos marcou a memória do garoto que cresceu junto com a história deste patrimônio cultural de Criciúma-SC. De 1937 pra cá a Praça passou por diversas transformações, em 1966 o espaço recebeu calçamento e em 1980 foi totalmente (re) pavimentado, impedindo a circulação de veículos, dando origem a um grande calçadão permitindo integração, convívio, entretenimento e lazer das pessoas.
Vanderlei Inácio e o seu carrinho de churros e pipoca
Há 30 anos o Sr. Vanderlei contribui, de domingo a domingo, para as relações sociais da cidade, sempre disposto a ajudar os que precisam de informações ou aqueles que só desejam adoçar o dia com um delicioso churros ou pipocas doces e coloridas. É em frente à Catedral São José que há anos o seu carrinho fica alocado, e dentre a sua clientela atual estão os filhos das crianças que na década de 90 já frequentavam o seu ponto.
Entrada principal da Catedral São José, em Criciúma
São anos de expansão e desenvolvimento aos arredores da Praça que já serviu de palco para inúmeras manifestações culturais e políticas, “Lembro que precisei correr como meu carrinho pra não ser atingido pelo tumulto da greve dos mineiros em 80”, relembra seu Vanderlei referindo-se ao dia 1º de março de 1988 quando os mineiros da maior Carbonífera da cidade entraram em conflito com os soldados da Polícia Militar devido à greve da classe.
Há dois anos o Sr.Vanderlei reside em um município vizinho a 50 km de Criciúma e quando perguntamos se vale à pena se deslocar todos os dias para vender suas guloseimas, ele simplesmente responde apenas com um sorriso, comprovando que a sua satisfação em se permanecer quanto instrumento de relações sociais está além de qualquer lucro relacionado a vendas.
Passarela da Praça Nereu Ramos tem grande movimentação de pessoas
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Texto e fotos: Taiana Candisse Selau, Criciúma-SC
Edição: Sionelly Leite