Idosos de origem nipônica aproveitam o melhor da terceira idade com práticas culturais
De acordo com dados do IBGE, em 2017, cerca de 13% da população brasileira estava dentro da famosa terceira idade, fase que se inicia aos 60 anos. Apesar de ser um momento da vida caracterizado por suas limitações, há formas de continuar na ativa. Rosa, 70 e Ilson Murakami, 73, frequentam o Nikkei Clube (Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba), onde praticam tênis de mesa há 5 anos. O clube oferece diversas atividades ligadas à cultura japonesa como o guetobol e o odori, nas quais, muitas delas, contam com a participação direta de idosos.
Senhoras realizando atividade lúdica no lar Junshin. (Crédito: Eiko S. Harata)
Entretanto, o envelhecimento é um processo individual que nem sempre dá espaço para contornar as restrições impostas pelo tempo. A Congregação das irmãs do Imaculado Coração de Maria de Nagasaki, conhecendo esta realidade, fundou o Lar Junshin, um centro-dia para idosos. “Este é um dos objetivos. Agradecer os idosos por sua vida”, comenta a irmã Kolbe, senhora japonesa que mora no Brasil há 30 anos e é uma das responsáveis pelo lar.
Dentro do lar são realizados exercícios ao ar livre com o acompanhamento de uma fisioterapeuta e atividades lúdicas que incentivam a lucidez. Os idosos que frequentam o centro tem, em maioria, mais de 85 anos e não se restringem a nenhuma das atividades, mesmo com a idade avançada. Além disso, aqueles que são de origem japonesa se sentem ainda mais incentivados e ligados à cultura, por ser um ambiente com tais raízes com parte da alimentação e comunicação envolvendo-a.
Idosos se exercitando na academia ao ar livre do centro-dia. (Crédito: Eiko S. Harata)
だんだん上手になってくるよ! Em uma tradução livre, significa “Com o tempo, você se tornará melhor”. Este provérbio nipônico diz muito sobre a relação que os japoneses têm com o envelhecimento. “Envelhecer não é sinônimo de caduquice ou invalidez. É saber aproveitar cada momento da vida que nos resta e desfrutar momentos da ‘melhor idade’ com práticas saudáveis e agradáveis que nos faça bem”, comenta Ilson Murakami.
Prática de exercícios acompanhados por uma fisioterapeuta dentro do lar Santa Mãe Junshin (Crédito: Eiko S. Harata)
Idosa desenhando em uma das atividades do centro Junshin (Crédito: Eiko S. Harata)
Ilson Murakami – primeiro da direita para a esquerda – após uma partida de tênis de mesa na Associação Cultural e Beneficente Nipo-Brasileira de Curitiba (Arquivo pessoal)
Rosa Murakami – segunda da direita parra a esquerda – após uma partida de tênis de mesa no clube Nikkei
(Arquivo pessoal)
---
Texto: Julia Eiko, Curitiba-PR | Especial para Revista F
Fotos: Eiko S. Harata
Edição: Marcia Boroski e Sionelly Leite