Pescador sobrevive do que pesca, mas a natureza pede socorro
Em Itiúba, centro norte da Bahia, numa linda tarde de sexta-feira, se encontrava o pescador Ailton Santos com seu filho, banhando-se no Açude do Coité. Dava para notar após uma conversa com nossa reportagem a grande indignação com a decadência do lugar que já lhe rendeu dinheiro para fazer sua feira, além de alimentar sua família.
Açude do Coité, em Itiúba, na Bahia, está poluído devido à falta de políticas públicas que assegurem sua vida
Pescador, morador do povoado do Morcego, em Itiúba, Bahia, Ailton, 42, tem esposa, um filho e uma filha, e resume sua vida como uma grande pesca, sempre em busca do que fazer, para ganhar a vida, se alimentar e alimentar a família. Mas o pescador verifica que o Açude do Coité, além de poluído, encontra-se com pouca água, devido à seca no nordeste. A degradação da natureza é algo evidente percebido nas espumas, semelhante ao borbulhar de sabão detergente ou algo parecido.
A sujeira do Açude do Coité, em Itiúba, BA, é estarrecedora
Ailton Santos contou a nossa reportagem um pouco de sua experiência como pescador e das mudanças sofridas nos últimos anos, com relação à diminuição da capacidade pisciana. Acompanhe a entrevista:
Revista F: O senhor é pescador? Como vê a situação atual do Açude do Coité?
Ailton Santos: Eu sou, sim, com muito orgulho. O contato com a coisa mais importante de nossas vidas, a água, desde muito novo, me trouxe alegrias e tristezas. Alegria por me sentir livre, nadar, mergulhar, me banhar juntamente com minha família nesse mar de águas que é nosso Açude. Triste, pelo fato de ver ele [o Açude] nessa situação – secando, cada vez mais poluído, sem poder nada fazer. Quanto à situação do Açude do Coité, vejo com certo medo, pois é daí que tiramos nosso sustento, e do jeito que vai, a fonte vai secando e o alimento vai ficando mais difícil. Inclusive, se tiro um dinheirinho para comprar o complemento do alimento dos meninos na feira ou no mercado, tudo vem desse Açude. Então, acho que o homem deveria ser mais responsável e tratar bem nossa natureza.
RF: O que pode ser feito para amenizar o problema?
AS: Poderia fazer um mutirão de pescadores e moradores do entorno do Açude, no intuito de limpar o Açude. Ainda, fazer com que não se utilize redes que peguem filhote, exigindo que aumente o tamanho do furo da tarrafa. Pode ser feito também a exigência de se pescar, enquanto está seco, apenas com anzol. Queremos que se crie mecanismo de defesa dos pescadores, onde o poder público deveria se envolver criando mecanismo de emprego e renda para o pescador, enquanto o Açude está nessa situação, de seca. Ainda acho que deveria ter cuidado para não se despejar dejetos ou sujeiras no dito Açude.
O pescador Ailton Santos, com Açude em sua capacidade
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Texto e fotos: Aroldo Pinto de Azeredo, Itiúba-BA
Edição: Sionelly Leite