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O pescador da arte, culinária e história de Três Lagoas

Na década de 1960, a cidade de Três Lagoas-MS passava por um importante desenvolvimento socioeconômico com a ampliação da malha ferroviária da Noroeste do Brasil. Em 1968, o pescador paulista José Miguel Leite viria morar em Três Lagoas, onde escreveria parte da sua história de vida. Interessado nas vantagens da pesca, José fixou moradia no bairro ribeirinho Jupiá, que começava a se desenvolver graças à construção da Usina Hidrelétrica de Jupiá, que trouxe trabalhadores de muitos lugares.

O sorridente Zé Miguel exibe as esculturas expostas em seu ateliê


Com a esposa Jailda, o pescador persistiu após frustrações e desafios, e em 1979 abriu o primeiro restaurante daquele bairro, que está há quase 40 anos em funcionamento. “Como pescador, foram mais de 10 anos para me estabilizar. Depois de muita luta, abrimos o restaurante para atender os funcionários da usina e pescadores que apareciam aqui”, explica Zé Miguel, hoje com 74 anos, que serve o caldo de peixe mais apreciado da região.



Em Três Lagoas nasceu seu terceiro filho, Gilmar. Com a família crescendo, ele viu a necessidade de ampliar a renda, já que tudo era precário. Vivendo da pesca e do restaurante, uma inspiração artística trouxe a ele notoriedade e reconhecimento nacional. Num programa de TV, Zé Miguel viu um artesão fazendo esculturas com massa de concreto e outros itens. “Eu achei tão interessante aquele trabalho que decidi fazer também. Comprei os materiais e meu primeiro trabalho foi um cão doberman”, conta.

Capivaras, onças: replicando animais da fauna do Pantanal, José tornou a atividade lucrativa

Os elogios pelo trabalho incentivaram o pescador a continuar. Logo vieram mais produções, mas foram as artes replicando animais da fauna do Pantanal que tornaram a atividade lucrativa. “'Foi' com as esculturas de capivaras, onças, tuiuiús e outros bichos que eu comecei a ganhar dinheiro e ser reconhecido como artesão”.

“O Pescador”, presente aos olhos de quem passa na Avenida Ranulpho Marques Leal, construída em 1995

Em 1995 Zé Miguel abriu ateliê na BR-262 (saída para o Estado de São Paulo). Suas esculturas já atraíram compradores de vários estados do Brasil e até de outros países. Ele presenteou a cidade com a escultura “O Pescador”, construída na Avenida Ranulpho Marques Leal, e o famoso Dinossauro do Jupiá, erguido dentro do Rio Paraná.


O “Dinossauro do Jupiá”, erguido dentro do Rio Paraná; logo atrás, a Ponte Ferroviária que liga SP a MS


Após sofrer um AVC em 2016, Zé deixou o restaurante sob a responsabilidade do seu filho Lindomar, e hoje dedica-se às atividades do ateliê. Com essa trajetória, o pescador, empreendedor e artesão José Miguel Leite contribui durante quase 50 anos para com a história e cultura de Três Lagoas.

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Texto e fotos:

Edição: Sionelly Leite

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